sábado, 3 de novembro de 2012

Lygia Clark

Ocorre no Itaú Cultural, em São Paulo, uma retrospectiva da obra de Lygia Clark, uma das mais importantes artista brasileira.

O início de seu trabalho é fortemente influenciado pelo construtivismo da década de 1930.



Ao assinar o Manifesto Neoconcreto, novas diretrizes formais apontam para sua obra.
As obras abaixo são feitas de madeiras cortadas, pintadas e encaixadas como em um quebra cabeça.

 
Aqui, os recortes saem do plano, caminhando em direção a tridimensionalidade.
 

 
O Neoconcretismo define-se como tomada de posição com relação à arte concreta exacerbadamente racionalista e é formado por artistas que pretendem continuar a trabalhar no sentido da experimentação, do encontro de soluções próprias, integrando autor, obra e fruidor.

Lygia rompeu com o espaço bidimensional do quadro, aboliu a moldura, e sua obra invadiu a terceira dimensão. Dentro da sua proposta, o espectador abandona a condição passiva diante da obra e passa a interagir com ela, estabelecendo uma relação de transferência e doação.

São inúmeras obras em que a experiência do espectador é constituinte do trabalho.

Os Bichos são criados por Lygia em1960. São obras constituídas por placas de metal polido unidas por dobradiças, que lhe permitem a articulação. As obras são inovadoras: encorajam a manipulação do espectador, que conjugada à dinâmica da própria peça, resulta em novas configurações.

 

Em 1963, Lygia Clark começa a realizar os Trepantes, formados por recortes espiralados em metal ou em borracha, como Obra-Mole (1964), que, pela maleabilidade, podem ser apoiados nos mais diferentes suportes ocasionais como troncos de madeira ou escada.



Em Luvas Sensoriais (1968) dá-se a redescoberta do tato por meio de bolas de diferentes tamanhos, pesos e texturas.


A instalação A Casa É o Corpo: Labirinto (1968) oferece uma vivência sensorial e simbólica, experimentada pelo visitante que penetra numa estrutura de 8 metros de comprimento, passando por ambientes denominados "penetração", "ovulação", "germinação" e "expulsão".

 
 


A partir de 1976, Lygia Clark dedica-se à prática terapêutica, usando Objetos Relacionais, que podem ser, por exemplo, sacos plásticos cheios de sementes, ar ou água; meias-calças contendo bolas; pedras e conchas. Na terapia, o paciente cria relações com os objetos, por meio de sua textura, peso, tamanho, temperatura, sonoridade ou movimento. Eles permitem-lhe reviver, em contexto regressivo, sensações registradas na memória do corpo, relativas a fases da vida anteriores à aquisição da linguagem.



 
 
 
Veja no teaser da exposição do Itaú Cultural estas obras, e muitas outras, sendo experimentadas e manipuladas.



Devido a exposição, foram gravados muitos videos interessantes sobre a obra de Lygia Clark. Selecionei então alguns para aprofundar um pouco na poética da artista.

No video abaixo, Felipe Scovino, um dos curadores da exposição, fala sobre a passagem da obra de Lygia Clark do plano bidimensional para o tridimensional, da importância dos Bichos para a arte nacional e mundial, e também sobre a participação do espectador na obra da artista.



Neste outro video, Felipe Scovino fala sobre o percurso artístico da artista.



E, neste próximo,  passeia pelas obras presentes na exposição, conceituando-as e contextualizando-as.



Por fim, temos Alessandra Clark falando sobre a linha, um aspecto integrante da poética da artista que perdurou em sua obra.



Mais adiante, falarei sobre as possibilidades de trabalhos educativos a partir de sua obra.

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